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24 de Abril de 2024

Bell Marques assina acordo e muda letra polêmica de música

Publicado por Thays Oliveira
há 8 anos

Bell Marques assina acordo e muda letra polmica de msica

A música Cabelo de chapinha, interpretada pelo cantor Bell Marques, ganhou nova versão. Acompanhado dos autores - Filipe Escandurras, Fagner e Gileno -, ele esteve neste segunda-feira, 14, no Ministério Público da Bahia e participou de reunião para contornar polêmica sobre suposto conteúdo racista e sexista.

O ex-líder da banda Chiclete com Banana teve encontro com as promotoras de justiça Márcia Regina Teixeira (Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher) e Lívia Maria Vaz (Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação).

Na reunião, cantor e compositores assinaram um termo de ajustamento de conduta para fazer adequações, eliminando os trechos que causaram polêmica após o lançamento da música na semana passada.

"Tive o prazer de conhecer pessoas que me falaram mais um pouco sobre o momento político da discriminação e do racismo contra a mulher negra. Os compositores resolveram fazer as modificações necessárias para assegurar que nenhuma mulher se sentisse desrespeitada", consta de comunicado do cantor.

Além da alteração na letra, o acordo prevê que Bell participe de campanhas de combate ao racismo e ao machismo no Carnaval.

Mudanças

Com as modificações, em vez de "minha nega, vai lá no salão, faz aquele corte que seu nego gosta de te ver", a letra passa a conter "minha deusa, dia de salão, lindo é seu jeito, todo mundo gosta de te ver".

Outra adequação: sai "ô, mainha, mas eu só gosto do cabelo de chapinha, mainha. Ô tá liso, tá lisinho. Tá liso, tá lisinho" , dando lugar a "ô, mainha, eu também gosto de cabelo de chapinha, mainha, ô tá lindo, tá lindinho. Tá lindo, tá lindinho".

Confira a nova letra:

Com esse amor ninguém podeSó água na cabeçaPra apagar o fogoCabelo crespo, cabelo liso, cabelo black, cabelo loiroMinha Deusa, dia de salãoLindo é seu jeito, todo mundo gosta de te verMe traz seu coraçãoQue esta noite só vai dar eu e vocêCom esse amor ninguém podeSó água na cabeçaPra apagar o fogoÔ, mainha, Eu também gosto do cabelo de chapinha, mainhaTá lindo, tá lindinho, tá lindo, tá lindinho

Para a promotora de justiça Márcia Teixeira, "é importante ter artistas com a popularidade de Bell como aliados. Foi importante ele se colocar à disposição e mostrar que deseja colaborar contra todas as formas de discriminação".

Secretária de Políticas para as Mulheres, Olívia Santana estava no Ministério Público quando Bell assinou o documento. Para ela, a postura do cantor foi "acertada", ao se dispor como aliado dos órgãos de combate à violência contra a mulher e de combate ao racismo. "Essa atitude de reconhecer o erro é fundamental para que a gente possa corrigir práticas discriminatórias", disse Olívia.

Polêmica

Após anunciar pelo Facebook que sua aposta para o Carnaval é a música "Cabelo de Chapinha", o cantor Bell Marques virou um dos nomes mais comentados da internet. A letra da música foi considerada machista e racista por muitos fãs e movimentos sociais.

"A música atinge duplamente a mulher, em especial a mulher negra. Fala de um homem que espera adequação da imagem da sua parceira ao gosto dele. E tem abordagem racista, quando ratifica as opressões que os corpos negros vêm sofrendo. É a imposição de um padrão estético que não nos contempla", explicou a antropóloga Naira Gomes, idealizadora do movimento Empoderamento Crespo, à reportagem.

Um dos compositores da música, Filipe Escandurras também falou sobre a canção: "A música é alegre, como a maioria das minhas canções. Quis mostrar que existem outras formas de dizer 'eu te amo'. Afinal, a mulher é minha, tenho o direito de escolher e pedir pra ela colocar o corte ou o vestido que eu mais gosto".

O artista também usou sua rede social para se solidarizar com o autor da letra. "Muito boa essa forma gentil que o compositor encontrou para enaltecer sua amada e que deveríamos aplaudir, pois essa é a mensagem da música: gentileza e amor", disse Bell.

Diferentemente de Bell e Escandurras, a ouvidora-geral da Defensoria Pública, a socióloga Vilma Reis, acredita que a música pode contribuir para a violência doméstica. "Muitas mulheres vivem situações extremas de violência, porque as coisas foram tratadas como brincadeiras. Uma sociedade que opina na estética vai querer exercer controle social sobre o corpo dessa mulher", diz.

A advogada Dandara Pinho, que também presidente da Comissão Especial de Igualdade Racial da OAB-BA, já tinha adiantado que a música podia virar caso da Justiça. "'Cabelo de Chapinha' é uma agressão, pois reforça o poder dos homens, incentiva o machismo e quebra a autonomia feminina, quando a mulher precisa fazer algo para agradar a seu parceiro".

FONTE: chamegente

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40 Comentários

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Estão criando a geração do mimimi... parabéns aos envolvidos. continuar lendo

"(...) a socióloga Vilma Reis, acredita que a música pode contribuir para a violência doméstica (...)"

AHAHAHAHAHA

Às vezes eu tenho vontade de fazer uma faculdade de Sociologia só pra arrumar confusão dentro de sala, rebatendo opiniões dessas com algo que me parece que está escasso naquelas bandas: LÓGICA. continuar lendo

Hitler era fá de música clássica e adorava obras de arte..... Socióloga que nos mostra como está a educação em nosso país... degrada desde o topo..... continuar lendo

Se essa letra tem o poder de causar tudo isso que foi falado então, pelas músicas que andam tocando por aí, o mundo vai ficar maluco. Fico pensando nas marchinhas antigas de carnaval, acho que foram elas as culpadas de tanta desgraça que vivenciamos atualmente. Era só o que faltava (ou não) !!!! continuar lendo

Está se aproximando o tempo em que tudo será visto ao extremo, pura demagogia. Tudo hoje em dia é "machismo"... continuar lendo

Músicas fazendo apologia a alcoolismo, sexo explícito, drogas, crimes tá liberado então né...agora chamar de "nega" carinhosamente e ter o cabelo alisado de chapinha não pode?

Realmente, somos o país da piada pronta mesmo.... continuar lendo